Ninguém é como a televisão, quando se trata de promover uma ideia ou um costume. É só aparecer uma vez na televisão e não demora muito para milhões de jovens e adolescentes vestirem aquela roupa ou cantarem, dançarem remexendo as nádegas. Insistem na notícia, repetem exaustivamente e conseguem colocar cem mil pessoas num estádio para ouvir cantores estrangeiros que a maioria sequer entenderá o que estão dizendo. Depois, acabou. Missão cumprida. É o poder da televisão: divulgar sem se envolver. O que o telespectador faz depois de receber aquela mensagem não é problema dela. Sua missão é entregar. Alguém produz umas idéias, um produto, umas canções, umas danças, quer vendê-los e recorre à televisão que se dispõe a divulgar. Para quanto mais pessoas melhor. Os valores também mudam em função do número de público. Por isso a importância do Ibope ou dos institutos de pesquisa. Como caminhão de carga, ela entrega qualquer coisa em qualquer lugar: cultura, religião ou erotismo e, em alguns casos, até a obscenidade e pornografia. Vai do luxo ao lixo.
Algumas emissoras cuidam do que entregam; outras, não. Há os programas didáticos que se dispõem a ensinar. E outros que se dizem educacionais, e no entanto só ensinam o erro. Mostram como se faz um coquetel molotov, como se assalta um banco e como se curra uma menina numa mesa de bilhar. Não importa quem verá isso, não é tarefa da televisão. Que os pais vigiem seus filhos... Umas poucas empresas, que receberam concessão para exploração daquele canal, primam pela ética.
Infelizmente, a maioria não leva em consideração a pedagogia das idades. Não importa se há crianças do outro lado, ou se o que mostram vai atrapalhar os pais no processo de educação dos filhos. Os programadores sabem que os pais nem sempre estão em casa para controlar suas crianças. Assim mesmo programam mensagens pesadas em horário infantil. Sabem que há pessoas de mente doentia assistindo ao programa e, mesmo assim, mostram cenas com requinte e perversidade.
O maior pecado da professora televisão é mostrar qualquer matéria para qualquer aluno. Não respeita a idade nem as condições mentais do telespectador. Joga no ar. Quem viu, viu, quem não viu não viu. O problema não é dela. E não assumirá culpa alguma caso alguém imite determinada cena. Em nome da liberdade de expressão, violenta muitas mentes com o argumento de que vê quem quer. Contudo, sabem que não é verdade. milhões de pessoas não têm critério de escolha e milhões de pais não podem vigiar seus filhos vinte e quatro horas por dia. Jogam sobre os pais a tarefa de que deveria ser delas. A maioria das emissoras não tem departamento de pedagogia nem psicólogo de plantão para opinar sobre os riscos de determinada matéria ir ao ar. Giram sua metralhadora e atiram através de suas antenas. Se ferir alguém do outro lado, não tem importância.
Trata-se de invasão do lar. Uma criança assistiu algo contra a vontade dos pais: é invasão. jogam o lixo em qualquer porta e esperam que o morador o afaste de lá, se não o quer. Em primeiro lugar, não possuem o direito de jogar lixo na casa de ninguém. E também não vale dizer que o que é lixo para uns não é para os outros. Basta que significativa parcela da população considere aquilo o prejudicial a seus filhos para que se busque maior cuidado com a mensagem jogada no ar. Televisão tem que ser mais do que diversão ou empresa geradora de lucros. Ou é serviço ou não é. Do jeito que está, a televisão mais usa do que é usada. Joga lixo em mentes infantis. É culpada da boa parte da violência e da decadência moral de agora. Não é a única, mas é a mais poderosa. Divulga o mal. Muitos jovens violentos de hoje a tiveram como única professora. E o que ela ensinou foi devastador. Trinta ou quarenta anos vendo e ouvindo violência acabam por influenciar uma geração inteira. Ela tem seus valores, mas não a defendo. Ela tem culpa e sabe que tem.
Pe. Zezinho, scj
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